A cada ventania que passa, tento me manter em pé. Os ventos
querem a todo custo me derrubar e eu continuo a caminhar. Vou em meio as
pedras, sorrindo, confiando e esperando, mas não deixar de caminhar tem sido o
meu destino. As pedras maltratam os pés, calejam, ferem, sangram. O vento frio
segue cortando a pele, rasgando como uma lâmina afiada a carne, penetrando ao
máximo. Calafrios, medos e angústias seguem cortando ainda mais no sentido
inverso. Grito aos quatro cantos: não posso deixar de caminhar! Seguro-me no
vazio, tateio sem enxergar procurando encontrar forças para me agarrar, seguro-me
uma mão junto a outra em ar de desespero, rezo! Talvez as raízes da idade estejam
bem cravadas na terra e por isso não padeço. Aguardo e continuo lutando contra
a tempestade que molha, lava por fora a carne em chamas clamando por socorro,
as lágrimas lavam por dentro e segue o fluxo se juntando a tempestade, vira-me do avesso. Prossigo, não deixo de caminhar, a dor me faz sorrir, estou vivo, isso me
basta! A ventania vai passar, é só esperar, o que posso fazer é confiar e
caminhar.
Carpe diem
Márcio Dx