Que se volte a luz!

Desatinos, Descompassos e Devaneios

25 de dezembro de 2010

2011, um ano de Esperança!


O ano de 2010 está acabando e é hora de fazer as minhas reflexões. Confesso que foi um ano bastante complicado para muitos dos meus parentes. A saúde abalou alguns integrantes e foi preciso muita fé e muitas orações para que pudéssemos enfrentar todos juntos. Família reunida, problema sanado e ficamos frágeis, porém bem mais forte no que se diz respeito a união e sentir a presença de Deus.


Foi um ano em que consegui minha transferência de trabalho para outra cidade, mas desisti e em alguns momentos me arrependi por não ter ido, porém agradeci ao fim de tudo, pois consegui aprovar um projeto no valor de mais R$1 milhão para uma cidade bastante carente explicando a razão de eu estar ali sentindo saudade da família e dos amigos. O reconhecimento no trabalho foi um caos, não me senti feliz no que estava fazendo e pensei em desistir, mas duas pessoas mais experientes do que eu estavam ao meu lado, elas sabem o que fazem e também os meus alunos, aqueles que eu aprendi a tratar cada um como filho. A equipe de trabalho mudou muito e apesar de ter diminuído o egocentrismo de alguns, aumentou a intolerância, a falta de respeito e o que eu nunca tinha passado antes, comecei a sentir na pele o peso do preconceito. Vi professores vazios preocupados em disseminar a fofoca, a mentira e a difamação ao contrário de tentar ajudar, perguntar se estava havendo algum problema pessoal e se eu precisava de ajuda. O pior era que eu precisava...

Descobri que no ninho de cobras (não todos, deixo claro), é fácil beliscar azulejo (expressão solta dentro da sala dos servidores) e que a união só sai se houver dinheiro envolvido, uma pena para estes que estão ali e que poderiam fazer mudar uma região. Falando em dinheiro, este ano foi um ano complicado, um ano em que eu comecei a realmente ter a certeza de que morar sozinho não é fácil, um ano em que precisava solidificar e que o dinheiro chegava ao mesmo tempo saía, um ano quase todo no vermelho.
Foi um ano em que eu percebi que minha amizade após um relacionamento longo não ultrapassava mais que mil reais. Percebi que não se pode ser amigo depois de tantos erros, mesmo que os erros não sejam seus. Aprendi que o perdão não é tão fácil e que a cicatriz abre quando a lembrança vem a mente. Então se o coração está marcado e ainda há mágoas, o perdão não foi dado...

Foi um ano em que o relacionamento foi complicado, com muitos altos e baixos. Termino o balanço com mais baixos do que altos (infelizmente), mas que os poucos momentos bons foram tão intensos que fizeram apagar muitos dos dias tristes, todavia ainda é preciso rever uns conceitos para 2011 para que ou se tenha mais altos ou que um novo caminho seja traçado, que a felicidade se instale e que todos fiquem bem.

Um ano em que perdi o prumo, a paciência, a insensatez. Um ano em que me estressei quase todos os dias, um ano em que envelheci a olhos vistos, mais do que em todos os dias da minha vida. Um ano em que deixei a minha paz esquecida como mencionei diversas vezes a vários. Irei esquecer este ano de 2010, um ano triste e assim renovo com bastante esperança o ano de 2011. Promessas estão sendo construídas e espero poder cumpri-las. Feliz Ano Novo para todos e que Deus no ajude a construir um mundo melhor.

Carpe diem
 
Márcio Bezerra
 
PS: Ah! Feliz Natal!!!

6 de novembro de 2010

É apenas mais um dia triste...

A noite cai, nada esfria a não ser as lágrimas que em mim descem. Ouço música triste, música que me trazem saudades de antes. Queria dizer que estou feliz, mas não estou, parece que vivo uma personagem que não vê a hora desta novela acabar para que possa realmente ganhar o papel principal. O papel principal da minha vida!


O dia passa, nenhuma ligação, nenhum e-mail a não ser trabalho. Vivo o vazio da cama, o vento assobiando na janela, o barulho dos morcegos dançando pela noite.

Enfio-me na internet por horas, trabalho ao mesmo tempo que não sinto vontade de fazer absolutamente nada. Estou sem amigos, sem família... Acompanhado apenas da saudade. Não há ninguém para conversar, para ficar comigo um tempo, que me ouça, que fale, que cante... Como eu queria estar com meus pais, com a minha família, como eu queria estar em paz.

A vida passa lá fora e eu aqui esperando que chegue a segunda para que eu possa voltar a trabalhar. Um trabalho que já não me faz tão feliz. Não consigo explicar o que quero, mas consigo saber o que não quero, e da forma que está acontecendo, é a forma que eu não quero. Outros não veem a minha aflição, não percebem que há algo errado. Preciso de férias, de ir para longe, preciso rever minha rotina, preciso rever meus conceitos de felicidade.

Hoje é só mais um dia triste, mas é só apenas um dia triste...

Carpe diem

Márcio Dadox

1 de novembro de 2010

Recomeçar

Sempre é tempo de recomeçar. Foi assim que me vi quando cobrado pelos meus amigos. Engraçado em como todos notaram a diferença de postura nestes dois últimos dias. Uns perguntaram se eu tinha tomado um lecksotan, outros me perguntaram se eu tinha desistido. Nenhum nem outro. Apenas parei um tempo para refletir e fiz de uma forma grandiosa.

Estava no RJ na semana passada para defender um projeto, um sonho que eu tinha desde alto dos meus 15 anos e que agora poderia ser realidade, conseguir notoriedade fazendo o bem, contribuindo de alguma forma; Deus me deu a chance quando fui aprovado no concurso para professor, já contei isso antes, agora era esperar em como isso iria acontecer!

Projeto aprovado, mil coisas a serem construídas, mas o passo mais difícil foi dado. Fui para cidade maravilhosa (não pra mim, a minha cidade maravilhosa é Natal e confesso que já tenho uma queda por Pau dos Ferros), esperei um reconhecimento que não veio, ao contrário, me trouxe angústia, raiva e cheguei a sentir ódio. E como então resolver tudo isso? Como resolver todos estes sentimentos que nunca fizeram parte de mim? Chorei, chorei feito um menino por um sentimento que não faz parte de mim...
Pode parecer vaidade, egoísmo, drama e tudo mais que possam pensar. Nunca fui muito ligado ao dinheiro, mas ele é bom, só não faço dele um propósito de vida. Ninguém sabe o que eu já vivi neste ano de 2010 e quanto o quero esquecê-lo, entre alguns exemplos, posso citar que me afastei dos amigos, da minha família, da minha vida, da minha alma em busca de algo desconhecido, saí do meu repouso absoluto, do meu estado de latência, parei de cuidar da minha saúde onde sempre foi tão delicada. Vivi mais a serviço dos outros do que de mim mesmo, fiz para saber qual era o meu limite e confesso que por um momento eu pensei em desistir. Meu limite esgotou antes de dizer que acabou, só que ainda restava algum espécie de força, um mínimo de sopro vital.

Perdi o meu equilíbrio neste ano, perdi minha qualidade de vida. Muitos associam qualidade de vida a quanto você ganha, ao dinheiro, a sua estabilidade financeira. Todavia, associo qualidade de vida a paz que eu posso obtê-la em coisas tão simples, mesmo eu sendo em sonhos um megalomaníaco.

Quinta-feira, às 22h e alguns minutos, subo a cobertura do hotel no centro do RJ, alguns transeuntes circulam falando alto e admirando a paisagem de concreto no centro da cidade. Em uma noite fria vejo aquela estrutura imponente, o Cristo Redentor, de braços abertos. Paro, peço a Deus que me ilumine, faço uma oração e rezo um Pai nosso. Desço com minha alma ferida e adormeço.

Acordo pensando em Deus, telefone toca, nego em ir passear pela cidade. Não estava e não queria atrapalhar o passeio dos meus colegas. Lembro que na tarde do dia anterior minha saúde estava abalada, assim como o meu psicológico. Não foi um dia bom para mim!

As lojas agora mostram que o fim de ano chegou, ainda faltam dois meses completos para 2011. A minha ansiedade junto ao meu medo pela quantidade de trabalho que está por vir toma conta de mim. Não sei como será a minha vida no ano que está por vir. Mas vou buscar a minha alma, os meus amigos e minha família de volta e sinto muito se desapontarei em meu trabalho, mas preciso de um tempo!

Carpe diem.

Márcio Dadox

1 de setembro de 2010



Há dias não escrevo, não posto nada e não é por preguiça, já pensei em postar várias vezes, mas sempre tenho lágrimas nos olhos e sinto que a felicidade já não anda tão ao meu lado, que a novidade do novo não é tão boa quanto parecia ser. Ando muito cansado, sentindo falta dos meus amigos, da minha família, da minha liberdade. Afoguei-me em trabalho e parece que quanto mais eu faço, mas acham que não tenho feito nada. Há muitas cobranças e a vontade é de jogar tudo para o alto e voltar pro meu doutorado parece um sonho louco, mas plausível. Lá estava na inércia, mas eu estava mais feliz. Engraçado é que com o tempo, eu que já era completamente dependente dos meus amigos e familiares me tornei mais ainda. Foram poucos os amigos que eu pude contar, foram poucos que me acompanharam e muitos me esqueceram, alguns eu ganhei aqui. Alguns amigos me viram crescer, porém como eles não cresceram, ficaram para trás e outros em que eu era super apaixonado, acho que regrediram ou será que fui eu que fiquei ranzinza demais? Sinto saudades de ligações que eu não recebo mais, sinto saudades das promessas de amor eterno das amizades sinceras, dos amigos de lágrimas nos olhos. Sinto saudades de tanta coisa, mas o que eu mais sinto saudades é dos meus sonhos que parecem que andam sumidos, desaparecidos em um vale lágrimas e que alguns dizem, que drama! Dias sem amigos, dias sem familiares, dias de solidão, dias de saudades em que preciso do colo da minha mãe. Sinto tantas saudades, que parece que vou explodir com este sentimento vazio que ocupa todo o meu ser.

Carpe diem

21 de junho de 2010

Os amigos Invisíveis (Fabrício Carpinejar)

Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade.
Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação.
Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira.
Temos o costume de confundir amizade com onipresença e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão.





Amizade não é dependência, submissão.
Não se têm amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra.
É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente.
Se o amigo desaparece por semanas, imediatamente se conclui que ele ficou chateado por alguma coisa.
Diante de ausências mais longas e severas, cobramos telefonemas e visitas.
E já se está falando mal dele por falta de notícias.
Logo dele que nunca fez nada de errado!
O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva?
A proximidade física nem sempre é afetiva.
Amigo pode ser um álibi ou cúmplice ou um bajulador ou um oportunista, ambicionando interesses que não o da simples troca e convívio.
Amigo mesmo demora a ser descoberto.
É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade.
Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios.
São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem-estar.
Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis na maturidade.
Aqueles que não estão perto podem estar dentro.
Tenho amigos que nunca mais vi, que nunca mais recebi novidades e os valorizo com o frescor de um encontro recente.
Não vou mentir a eles ¿vamos nos ligar?¿ num esbarrão de rua.
Muito menos dar desculpas esfarrapadas ao distanciamento.
Eles me ajudaram e não necessitam atualizar o cadastro para que sejam lembrados.
Ou passar em casa todo o final de semana e me convidar para ser padrinho de casamento, dos filhos, dos netos, dos bisnetos.
Caso encontrá-los, haverá a empatia da primeira vez, a empatia da última vez, a empatia incessante de identificação.
Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim.
Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação.
Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.
Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos?
Amigo é o que fica depois da ressaca.
É glicose no sangue.
A serenidade.



Li este texto ontem no livro "Canalha" do Fabrício Carpinejar, sei que é crime copiá-lo em parte ou integral, mas gostaria de dividir com vocês um pouco deste fantástico autor que descreve exatamente o que sentimos de forma simples, agradável e com bastante sentimentos. 


Este texto vai em especial a dois grandes amigos, um que está em São Paulo e irá embora do país em breve, espero que sua noiva o faça muito feliz, porque estou muito feliz com sua conquista! E outro que está em Natal e que vai partir para São Paulo no próximo mês. Que você se realize nesta nova empreitada. Amo demais vocês dois, meus irmãos que Deus me deu!


Carpe diem


Márcio Bezerra

12 de junho de 2010

Eu posso...

Não, os mosquitos podem esperar um pouco,
O tempo pode esperar mais cinco minutos até eu acordar,
Posso assistir a três jogos da copa sem me preocupar,
Posso comer uma pizza inteira e tomar refrigerante até acabarem os dois litros e meio,
Posso malhar um pouco, não muito para não me cansar.
Posso brigar via internet, pessoalmente, mas o importante depois é nos amarmos
Posso namorar, ficar, sei lá, sem culpa,
Posso ligar, falar, sentir saudades ao sentir o cheiro dentro de casa,
O cheiro pode ser meu, seu, nosso, o da pizza que queimou ou do hidratante que eu, você, nós usamos,
Posso dizer que irei arrumar a casa e no máximo tiro o lixo do cesto e nem levo lá para fora, deixa para amanhã, é domingo!
Domingo, posso acordar cedo, posso dormir até tarde e posso, se eu quiser, nem acordar,
Posso, posso, posso... tudo eu posso.
Basta querer e acreditar que o amanhã vai ser tão bom ou melhor do que o agora.


Carpe diem


Márcio Dadox

11 de junho de 2010

Revolta após 30 anos!

Há muito tempo eu tinha um sonho, o sonho tornou-se realidade, porém não da forma que eu esperava, coisas erradas acontecem e as pessoas se acham donas da razão. Não consigo mais discutir e decidi, a partir de agora, não vou mais abrir a boca, me cansa, me deixa chateado e eu só tenho vontade de sumir, de ir embora e gritar para todo mundo, FODA-SE!

Não estou feliz, nenhum pouco e o pior é que agora vem as eleições e não posso tomar outro rumo e fico me perguntando, o que foi que eu fiz de errado? A tristeza me consome.

Não estou feliz no trabalho, não estou feliz comigo mesmo, não estou feliz no lugar que estou morando, não estou feliz por ter deixado o meu doutorado inacabado e sem perspectiva de volta,  não estou feliz e não vou engolir a hipocrisia de que tem gente pior do que eu... Se tem... 

FODA-SE!

Carpe diem

Márcio Bezerra

30 de maio de 2010

Desabafo Desconexo

Sonhei, fiz planos, tracei metas, trabalhei em cima de cada ponto nestes últimos dois meses. Nada deu certo. Tentei desistir, não consegui e com o sopro de fios de coragem balbuciadas entre os dentes, acalentou-me a alma e apesar de todos os percalços em mim despejados, segui, de joelho, mas segui.

Mas Deus sempre dá a cruz com o peso em que possamos carregar, mas e agora que estou 10 quilos mais magro e sem força, como carregar esta cruz?

Perfeccionista,  insistem em ter que improvisar, infeliz e cruel este meu tempo.
Sempre líder, não tenho nenhuma equipe para liderar, não consigo tomar conta de mim mesmo. Sucessivamente confiante, caio e não consigo me levantar ou olhar os meus próprios pés, estou de joelho. Sorriso? Dá lugar a preocupações de uma tristeza agora imaculada por algo que sei que existe, mas não sei o que realmente é.

Tempo, antes amigo, depois irmão, esfaqueia-me pelas costas sem pena ou pudor, torna-se agora meu inimigo, corre de mim, não me deixar dormir, não me deixa escrever, não me faz voltar para casa, não me deixa cuidar de mim mesmo. Estou sempre correndo atrás dele...Por favor, pare! Estou cansado, mas não quero descer, não quero partir! Não! Agora Não!

8 meses e 11 dias sem crises, sem gripe, apenas um problema de visão no mês de dezembro. Nada comparado ao medo que sinto agora, medo que me traz de volta a angústia e a insônia, sem saber quanto tempo Deus reserva para mim. Pressão sobe, febre à tona, gânglios incham, nódulos. Saudades. Bebida. Saudades.

Qualidade de vida, agora ou antes? Antes, mas queria que o antes fosse agora, confuso, complexo.
Família, Amigos, Saúde... Precisando de pouca coisa, que a maioria das pessoas tem. Mas só tenho uma saudade que preenche tudo... Saudades, assim, no plural.

Inveja, estupidez e incompreensão, teria sido letra de alguma música? Espero que agora ela não faça parte da letra da minha vida. Aonde foi a minha felicidade? O que está acontecendo? Por que eu não sei dizer não? Por que eu não consigo pensar? Por que eu penso demais? Preciso calar-me, descansar e dormir.

Dias assim, dias nublados, só peço uma coisa agora meu bom Senhor. Dai-me saúde! Tira esta montanha que agora carrego em minhas costas!

God, please, bless me and forgive me my faults.

Carpe diem

Márcio Dadox
Porque o segredo da vida é amar... o resto não vale à pena!

13 de abril de 2010

Cotidiano parte 02/2010

Há dias, parecem anos, que tento escrever aqui. Não, não abandonei meu fiel blog. Tenho estado em um mar de dúvidas e meu coração anda calmo, tranquilo, por mais que este tranquilo seja de um manifesto agitado.
Escuto música mais do que antes, se é que era possível, estou quase levando para dentro da sala tudo que eu ouço e ainda continuo com o ar de que o que eu ouço é sempre melhor.

A academia é meu refúgio, porém não tenho corrido muito para este lugar o quanto gostaria, falta-me tempo, falta-me coragem e falta-me alguém. Acho que já falei isso algum dia, mas faz tanto tempo que cabe aqui relembrar.

Parei de ler, três livros parados. Sem vontade para voltar para nenhum deles. Estou tendo crise de insônia. Ainda não sei o real motivo, mas imaginários tenho muitos. Engraçado que acompanhado, durmo fácil, pena não ter companhia para uma noite inteira.

Estou mais organizado, prometi para mim mesmo que não deixaria mais louça na pia antes de dormir e mesmo que eu fique a noite inteira, ela sempre vai ficar limpa para que as moscas não me tirem de casa.

Perguntaram-me hoje se tinha tantos pernilongos na minha casa. Não, não há. Mas não tenho tanta casa para as moscas! Chego a matar eletrocutadas mais de 50 só na cozinha. E quem me conhece sabe o asco que tenho destes insetos imbecis!

Preciso de uma companhia, comprarei um cão, decidi. Terei um em breve. Não será meu labrador, mas será um pincher, um toy, um chiuaua, algo grande como o espaço que devo conseguir ter quando eu me mudar.

Cozinhar já está fácil para mim, difícil é conseguir comer o que às vezes penso que fiz. Terminando por aqui e sem reler para não ter que apagar tudo que eu escrevi.

Carpe diem
Márcio Dadox

26 de fevereiro de 2010

Confissões

Confissões de um dia qualquer...

Eram quase duas horas da manhã, não tinha ido malhar, não tinha respeitado a minha dieta nem tinha conseguido marcar o médico, muito menos tinha conseguido me concentrar. Dúvidas em mim. Poucas horas eram marcadas para eu tomar uma decisão.

Há quase seis meses cheguei uma cidade situada a 420 km da cidade que eu amo. Levei comigo alguns sonhos na bagagem, algumas dúvidas, alguns medos e o maior medo era de me tornar gente grande, aos 30 anos, nunca me pareceu ser tão cedo.

A cidade era quente, estranhei o calor, a imensa poeira, a baixa umidade, as condições que agora eu estava submetido e me tornei um imenso reclamão, não conseguia ver nada belo, acreditava que tudo seria passageiro, que era uma questão de tempo! Confesso que chorei muito, acabei um relacionamento e meu telefone tornou-se uma arma contra a solidão. Parei de malhar, parei de me cuidar e tentei me concentrar mais. A rotina de festas, às vezes três por semana, deu espaço a um final de semana trancado em um apartamento sem ninguém para abraçar.

As pessoas me assustaram com suas ideias, sempre tão diferente das minhas, aconselharam-me a casar. Uma ideia de que eu teria uma companheira para ser uma empregada doméstica!

O tempo foi passando, me apeguei ao estilo que não conhecia. Vida de interior, festa de rua, cerveja na pracinha, comecei a dar valor a cada coisa. E as dívidas? Engraçado é que elas aumentaram muito, estranho por agora eu não ter nenhuma festa! Essa nova vida me fez esquecer um pouco de um sonho maior que guardo desde os meus 14 anos de idade, o de ser doutor.
Entrei em recesso há poucos dias e me joguei dentro do meu doutorado para tentar correr com alguma coisa e vi o quanto estou atrasado. Surgiu a possibilidade de mudar de cidade, mas nem sei se queria isso, a única coisa que eu queria era acabar meu doutorado e depois, quem sabe, ir para qualquer lugar em que eu pudesse construir uma vida. Mas tinha que decidir.

Prazos estão sendo encerrados e eu sendo colocado contra a parede para tomar decisões. Tenho que escolher entre o meu doutorado e meu emprego. Jamais iria largar um emprego estável, sem chance para que isso ocorra! Então, tenho agora que achar uma alternativa para continuar no emprego e terminar o doutorado.

O título de doutor significa muito para mim, significa mais do que a realização de um sonho, significa que eu posso ser o orgulho dos meus pais, daqueles que sempre acreditaram que eu iria longe. Ver o brilho nos olhos dos meus pais não tem preço.

Agora tenho a chance de ficar mais perto dos meus pais, mais perto do meu doutorado e mais fácil de concluir. Parece fácil não é? Não, não é. Estou indo para um lugar ser apenas mais um, tendo que começar do zero e sabendo de que irei enfrentar muitas entraves. Trocaria essa mudança por 6 meses direto em meu doutorado. Se eu tivesse 6 meses para concluí-lo, não mudaria de cidade, não agora. Esperaria mais um pouco e esperaria ser convidado para sair dela. Tenho medo que para eu conseguir a realização de um sonho, eu tenha que passar o resto da minha vida vivendo em pesadelo.
Carpe diem.

Márcio Bezerra

16 de fevereiro de 2010

Despedida de uma ida breve

Agarrado ao livro que me emprestastes, sinto que estás agarrado a um copo de cerveja, talvez não seja um copo e quem sabe tu estejas agarrado a um corpo, da mesma forma que estávamos antes, ontem, antes de ontem, mesmo que não seja tão ontem assim, mas fica parecendo que foi hoje quando se está preso na memória.

Ao partir, descubro-me tão escuro quanto à ausência do sol às 5h da manhã e apenas a lembrança do teu sorriso ilumina o meu caminho para que eu retorne a minha casa.

O livro faz pensar em ti, talvez o teu ato tenha sido proposital para que tu não saias de mim durante a noite enquanto eu não posso voltar aos teus braços. Parece que eu sou apenas mais um que ao chegar depois de um final de semana de vinte e poucos dias, irei ocupar os braços em que outros braços tenham aquecido. Braços saudosos, ou fingindo ser, esperando por minha volta. A volta de que um dia eu me senti forte e depois me despedi como um menino, por ter tido apenas uma ida breve.

Carpe diem.

Márcio Bezerra

15 de fevereiro de 2010

Fabrício Carpinejar

Depois de começar o ano e andar meio sem rumo e mergulhado no trabalho, sou apresentado ao fantástico escritor Fabrício Carpinejar. No momento encontro-me preso em suas palavras neste início de férias. Como é difícil alguém me surpreender positivamente. Obrigado Mikael. Prometo cuidar do seu livro até conseguir o meu exemplar. Deixo aos leitores deste famigerado blog uma crônica deste autor recém descoberto por mim, uma crônica um tanto polêmica, longa, mas de grande sabedoria.

Carpe diem


Márcio Dadox

Pode me chamar de gay.

Pode me chamar de gay, não está me ofendendo. 
Pode me chamar de gay, é um elogio. 
Pode me chamar de gay, apesar de ser heterossexual, não me importo de ser confundido. 
Ser gay me favorece, me amplia, me liberta dos condicionamentos. Não é um julgamento, é uma referência. 
Pode me chamar de gay, não me sinto desaforado, não me sinto incomodado, não me sinto diminuído, não me sinto constrangido.
Pode me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente. Está dizendo que converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me preocupo com os detalhes. Está dizendo que dou água para as samambaias. Está dizendo que me preocupo com a vaidade. Está dizendo que me preocupo com a verdade.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que guardo segredo. Está dizendo que me importo com as palavras que não foram ditas. Está dizendo que tenho senso de humor. Está dizendo que sou carente pelo futuro. Está dizendo que sei escolher as roupas.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos. 
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever. 
Pode me chamar de gay. Que seja bem alto. A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.






Fabrício Carpinejar

26 de janeiro de 2010

Cotidiano parte 01/2010

Talvez eu seja depressivo, talvez não seja tão ruim assim, mas eu gostaria de chegar aqui e dizer: estou feliz, quando na verdade não estou. Os dias estão cada vez mais quentes, os olhos chegam a arder, a cama continua sempre quente, assim como os móveis e as minhas roupas. A lavadeira não vem buscar roupa há 15 dias e não atende as minhas ligações. Você, caro leitor desocupado, poderia dizer, então arruma outra, bem, até queria, mas aqui isso também não é tão fácil.

Tenho trabalhado muito nas tarefas do lar, mas a casa nunca fica arrumada ou ao meu gosto, tenho sempre louça na pia, estou sempre com fome e a minha comida não é boa. Você também poderia dizer para eu comer fora, mas eu ainda não sei qual comida tem gosto pior; na verdade, não é a minha, pois a minha é totalmente sem gosto!

Todo mundo sabe o quanto amo ir à academia, mas depois que cheguei aqui e a academia fica a 5 km de casa, não tenho ido com tanta freqüência, o que tem me deixado bem mal humorado. E olha que a academia não é uma das melhores, porém é a melhor que a cidade pode oferecer, ela tem os seus horários super reduzidos, mas também, como malhar nesta cidade entre às 10h e 15h?
Minha companhia nesta cidade tem sido a internet, os amigos distantes que às vezes se preocupam em dar um alô ou deixar um recado no Orkut. Acho que vou ficar solteiro por um bom tempo. Aqui não há possibilidades de casamento. Para quem curte esta vida de interior, parabéns, mas eu sou completamente urbano.

Ainda estou sem televisão e minhas alegrias são esporádicas, como agora eu tenho uma mesa e cadeiras, já posso ficar sentado sem ser na cama, como também, posso fazer minhas refeições nela. Realmente foi a “aquisição”, deveria ter pensado nela antes dos armários, mas e onde eu guardaria as minhas coisas? É realmente, tem coisas bem essenciais, como uma televisão, que ainda não tenho!
Terminando por aqui, vou pra geladeira, pegar mais uma cerveja e me refrescar, fazer a festa dos pernilongos lá fora eles também estão sedentos pelo meu sangue.


Carper diem
Márcio Dadox

18 de janeiro de 2010

Meu começo de ano!

Devo ter pisado em rastro de corno ou cruzei com um gato preto – pensei com todos os acontecimentos ruins que me aconteceram durante a virada de ano. Comecei o ano amargando um prejuízo de ter o carro arrombado, mas é o preço que se paga em ter um carro. Então, pensando com mais otimismo, não levaram nada, apenas quebraram o vidro e só perdi o dia, a primeira segunda-feira do ano, essa que eu iria viajar no meu carro para não ter que andar 10 km todos os dias para ir à academia.


Mudanças, meu companheiro de apartamento procura desesperadamente um novo lugar para morar, ele precisa de mais espaço para suas intimidades e acho que ele tem razão, só que não vejo nada nesta cidade melhor lugar do qual já moramos, mas ele se muda para um lugar menor e eu, agora, tenho que arcar com tudo sozinho. As contas e todas as responsabilidades de arcar com uma casa me deixam em pânico e não consigo dormir por vários dias.

Organizo então um cronograma, primeiro passo, comprar uma geladeira, porque ficar sem geladeira neste calor de 40°C é impossível. Ele se muda no sábado e eu ajudo a pegar no pesado apesar de ter dormido apenas duas horas. Acordo meio sonolento, ajudo a colocar toda a sua mudança sobre o caminhão em que o motorista, um senhor de muita idade, fala asneira sem parar, mas é melhor ouvir do que ser surdo.

Minha geladeira que iria chegar no sábado, não chega, fico dois dias sem água gelada, sem comida em casa e o que é pior, fico COMPLETAMENTE sem água, mas os colegas de trabalho estão aqui para me ceder garrafas de água. Com esta semana, descobri que um garrafão de 20 L acaba em uma semana! Então, estou bebendo mais de 2 L de água por dia em casa, fora as que eu bebo na academia, no instituto onde trabalho. Ponto saudável para mim!

O fogão foi outro dilema, o que adianta ter fogão se não tenho um botijão, consigo comprar um vazio e depois ligo para que ele seja substituído por um cheio, prejuízos a parte, hora de conectar, bem... Como assim? O fogão não vem com registro? Lá vou comprar um registro e as belas caminhadas de 10 km continuam.

Do dia 4 ao dia 11, meu telefone celular da Oi, não funcionou, tudo pago, tudo certo e eu não agüento mais falar com a &¨%$#* da atendente virtual. Cancelo a conta, perco meus 31 anos, o combo de falar das 23h às 7h da manhã de graça e também, as 30 msg que eu tenho  direito por mês. Em compensação me livro da conta de R$200 e do estresse de um telefone que não funciona... Ô rastro de corno este viu?

Agora vem a cereja do bolo, não conseguirei minha transferência para outra cidade mais próxima de onde eu saí, vou continuar a 420 km de distância e o sonho de acabar meu doutorado este ano desaparece cada dia que passa, cada dia ele fica mais distante e meu medo aumenta.

Mas nem tudo foi ruim este ano. Comecei uma especialização que no começo estava meio receoso, mas foi a melhor coisa para as minhas tardes da semana. Debates, leituras e até desenhos. Fui eleito coordenador do curso de alimentos e os alunos demonstram sinais carinho e afeto por mim. Isso é muito gratificante, ser reconhecido principalmente por àqueles que eu quero inserir no mercado com qualidade, como profissional e como cidadão.

Ah, esqueci de falar de como anda o coração. Com tantos acontecimentos, ele fechou para balanço no mês de janeiro, está curtindo os momentos. E quem quiser agora que me acompanhe. Estou me curtindo e isso está fazendo efeito.

Carpe diem

Márcio Bezerra