Que se volte a luz!

Desatinos, Descompassos e Devaneios

29 de dezembro de 2014

Último Domingo - 2014

Domingo

Vamos dormir? Peguei o livro da Martha Medeiros e ele o de Chico Buarque. Ela chorou na porta pedindo para dormir com a gente. Eu e minha crise de renite e ele com o olhar de “por favor, limpei o quarto inteiro hoje, deixe ela dormir com a gente”.
Ele, que não gosta de animais, apaixonou-se.
Ela entra, ao contrário dos dias anteriores, se comporta e eles não ficam brincando de pique-esconde em cima da cama.
É o último domingo do ano,
Eu, que acordei chorando por um olho só, limpando o nariz a cada minuto.
Ele, decide ir para a cozinha com mamãe.
Eu, deitado e desprogramando todo o dia de academia, praia e visitas,
Ele, limpando o quarto, lavando o banheiro e cozinhando.
Eu, cansado de não fazer nada,
Ele, sorrindo, um sorriso mudo, olhando o celular e escutando músicas velhas.
Eu, querendo comer,
Ele, querendo cozinhar,
Eu, que sempre fico com a aliança nos dedos e estava sem,
Ele, que sempre a tira antes de dormir, dormiu com ela,
Eu, que estava deitado sem conseguir dormir,
Ele, que traz meu comprimido de boa noite,
Eu, que chamo para fazer amor e adormeço,
Ele, que apaga a luz, beija a minha fronte e diz: boa noite!


Último domingo do ano: eu e ele.

Carpe diem

Márcio Dadox

22 de dezembro de 2014

Esgotado...

O ano do meu esgotamento...

O que posso dizer desse ano de 2014? Como posso definir o meu ano de 2014? Como muito bem me definiram ao término de agosto, esgotado! Os ventos que sopraram ao término de 2013 foram quentes e gélidos, angustiantes. O ano de 2013 terminava já mostrando as enormes “pedras humanas” que eu teria que enfrentar no ano de 2014. E não foi fácil, nada fácil. Pensei em desistir diversas vezes, caí muitas vezes, chorei noites e dias, entrei em depressão, procurei ajuda médica e psicológica, resolvi desistir do meu trabalho, procurei pessoas que poderiam me ajudar, algumas me deram a mão, outras me lançaram ao fundo do poço. Pessoas iluminadas seguraram minhas lágrimas e eu nunca me senti tão frágil. Eu, que achava uma bobagem procurar psicólogo ou ajuda psiquiátrica, agora mordia a minha própria língua e sentia na pele a dor do transtorno que passava. O ano de 2014 foi pesado, sombrio, mostrou o caminho de pessoas falsas, de péssima índole, pessoas hipócritas, colocou-me frente aos demônios. Um ano que mostrou como sou fraco, como sou humano, como sou frágil. No meio da turbulência e com ajuda médica resolvi mudar, resolvi buscar sair da minha zona de “desconforto”, correr atrás de novos desafios e lutar. Em meio ao desespero, conheci a justiça. Por meio da justiça estava disposto a deixar tudo para trás, gastar minhas poucas economias e recomeçar um outro caminho, resolvi deixar para trás todo o mal que aquele o ambiente sombrio, escuro, cheio de pessoas ruins e energia negativa estava me causando. Ganhei, justiça foi feita, consegui! Abalado e com muitas lágrimas, ainda perdido com o futuro que poderia vir, recebi carinhos, abraços verdadeiros, rostos jovens e iluminados que me davam um pouco de energia e eu as sugava como uma planta precisa de água em terras secas. Sorvia cada elogio, cada abraço, cada mensagem, cada sorriso. Através de um acidente, algumas voltas em meu carro e sua destruição, saí ileso, sem um arranhão. Era marcada a hora de renascer, assim como a fênix, uma nova data de aniversário, uma nova vida, um novo local, novas pessoas e novos caminhos a serem traçados. Era preciso novamente voltar ao ventre, ser apenas um “zé ninguém”, começar uma nova história, traçar uma nova história, selecionando os que amo para continuar andando comigo e esquecer o que se passou. Que o ano de 2015 seja apenas um ano de paz, harmonia e saúde para que eu possa realizar o meu trabalho e voltar a sorrir com as minhas alegrias.

Carpe diem

Que venha 2015 e estou cheio de esperança...

Márcio Dadox

13 de outubro de 2014

Caminhar...



A cada ventania que passa, tento me manter em pé. Os ventos querem a todo custo me derrubar e eu continuo a caminhar. Vou em meio as pedras, sorrindo, confiando e esperando, mas não deixar de caminhar tem sido o meu destino. As pedras maltratam os pés, calejam, ferem, sangram. O vento frio segue cortando a pele, rasgando como uma lâmina afiada a carne, penetrando ao máximo. Calafrios, medos e angústias seguem cortando ainda mais no sentido inverso. Grito aos quatro cantos: não posso deixar de caminhar! Seguro-me no vazio, tateio sem enxergar procurando encontrar forças para me agarrar, seguro-me uma mão junto a outra em ar de desespero, rezo! Talvez as raízes da idade estejam bem cravadas na terra e por isso não padeço. Aguardo e continuo lutando contra a tempestade que molha, lava por fora a carne em chamas clamando por socorro, as lágrimas lavam por dentro e segue o fluxo se juntando a tempestade, vira-me do avesso. Prossigo, não deixo de caminhar, a dor me faz sorrir, estou vivo, isso me basta! A ventania vai passar, é só esperar, o que posso fazer é confiar e caminhar.

Carpe diem


Márcio Dx

29 de setembro de 2014

Tudo de Novo... Hora de Recomeçar



E quase um ano depois...

Resolvi voltar a escrever, foram algumas tentativas em vão, mas acho que agora poderei escrever e alcançar a minha paz literária! Quase um ano depois, após muitas sessões de análises, terapias, um acidente de carro - onde graças a Deus eu saí ileso - dias de insônia e alguns traumas vencidos... Consegui!

O que posso dizer desses anos? Passei um dos piores anos vividos na minha área profissional, tentando vencer uma batalha por dia, levantar a cada dia tornou-se um sacrifício, a minha dor já alcançara o meu interior. Nada daquilo que eu sonhava ao chegar a um novo lugar eu consegui conquistar, acumulei lágrimas, tristezas, diminuições, falta de vontade até alcançar o que me era distante,  a depressão. E eu que achava que isso era algo que acontecia aos fracos.

Não fiz uma boa escolha, o arrependimento passou a ser um sentimento constante após os embates diários para conseguir trabalhar e realizar o meu trabalho. Foi o preço a se pagar para estar um pouco mais perto da minha família, só que esse preço quase me destruiu por dentro. Ao fim, consegui a minha tão sonhada saída! Consegui, através de muitos medicamentos, lutas na justiça,  consegui sair daquilo que eu chamei "fundo do poço profissional".

Pela primeira vez eu vi que o mal existe, assim como nas novelas. Todavia, nas novelas eles perdem, e o que eu vi foi ele ganhar força e prevalecer! Espero que as poucas pessoas boas que lá estão consigam sobreviver e vencer as nuvens negras e pesadas que rondam sobre a área daquele lugar. Espero que as pessoas boas não sofram e, caso necessitem sair, que assim os façam. 

O bom disso tudo é que chegou ao fim, saio com a alma limpa para encarar os novos desafios nessa nova cidade, cidade onde sou mais um vez recebido de braços abertos! Mesmo com tantas “sombras” consegui desenvolver o meu trabalho, reconhecimento dado pelos meus pequenos e pequenas. O meu público me deu a força que eu precisava, meus meninos e meninas foram o principal combustível, a minha alegria, meus sorrisos e no fim, o meu melhor medicamento em um lugar tão hostil.

Agora lanço por um tempo o que sempre fiz para alcançar novos desafios, novas áreas de conhecimento, novos amigos, um novo lugar para voltar a ter paz de espírito. Levo comigo as pessoas hospitaleiras de uma cidade tão agradável, levo no coração o amor que eu recebi pela realização do meu trabalho como a força propulsora de fazê-lo cada vez melhor. Levo comigo os poucos amigos que lá fiz, eles sabem quem são, levo-me o que foi bom, os aprendizados das diversas áreas de conhecimento. O que foi ruim irá se apagar, as cicatrizes que ainda me marcam e causam certo pesadelo, tristeza e mágoa, eu irei me desfazer de cada um deles com o tempo.


O importante agora é ter resiliência, esperança e fé para superar esses obstáculos, vencer os novos desafios e RECOMEÇAR!

Carpe diem
Márcio Dadox