Ninguém vai entender ou compreender o que eu sinto, muitos dizem que foi uma escolha que eu fiz, mas como dizer se foi uma escolha quando é apresentado apenas um caminho para segui-lo. Não, eu não poderia ser vendedor em shopping, cantor, ator, bombeiro ou policial. Eu não poderia. Eu brigaria com os clientes, eu tenho o dom de desafinar sempre, não consigo fingir, muitas vezes nem ser eu mesmo, tenho medo de altura e de fogo, já fui assaltado milhares de vezes... Poderia ser engenheiro, mas depois do título, resolvi que queria ser apenas professor.
Estou passando muito tempo sem escrever porque não quero compartilhar a minha tristeza, que se torna cada vez mais profunda, já não tenho vontade de sair do quarto para realizar ações que me faziam sentir vivo, como comer ou ir trabalhar.
Ninguém vai entender o quanto é importante fazer atividade física em minha vida, e que não é vício, nem para me sentir forte ou pela autoestima, realmente ajuda, mas não é para isso. Ao praticar me torno uma pessoa menos ranzinza, menos amarga e menos doente, afinal carrego duas úlceras cicatrizadas.
Ninguém vai entender o quanto eu fico triste por estar longe da minha família e que para mim ela é o que ainda me faz respirar. Ninguém vai entender que datas comemorativas junto dela são até mais importante que meu aniversário.
Ninguém vai entender o quanto eu sonho com o meu doutorado, que ele não se faz sentado lendo livros ou lendo artigos, ler e pesquisar são apenas uma parte. Ninguém vai entender, e, às vezes, nem eu entendo o porquê de ter escolhido algo que seria difícil.
Ninguém vai entender a minha ansiedade, que eu odeio esperar, que não gosto de ser subaproveitado... Sinto-me afundando.
Ninguém vai entender o meu coração, este até eu cansei de tentar entender.
Ninguém vai entender, mas posso concluir que com o passar do tempo a gente passa a não acreditar mais no amor, nem na felicidade eterna, porém elas vão entender que aí morremos em vida...
Carpe diem
Márcio Dadox