Para alguém especial e que me faz escrever clichês.
Afastei o sofá para o centro da sala, no teto, das duas
lâmpadas, uma está queimada e eu que gosto tanto de ler esparramado na
tranquilidade do sofá, tinha esse desprazer há quase um mês. Já tinha ensaiado
utilizar a escada de dois degraus para alcançá-las, mas o medo de cair era
maior do que a vontade de ler. Enquanto empurrava o sofá, o rolo vermelho atrás
dele, que você tanto detesta, caía mais uma vez. Sorri. Ergui os braços,
alcancei o lustre empoeirado e vagabundo que escondia uma lâmpada queimada e outra
que já dava sinais de cansaço por horas trabalhadas. Desenrosquei e me veio o
pensamento de como você me faz bem, assim, do nada e ao mesmo tempo tudo, com o
vento que entra pela porta da varanda que dá para a cozinha. Engraçado que a
gente se pega pensando em cada momento, deveria me concentrar em trocar as
lâmpadas, mas sei lá, acontece que você veio como aquele vento e eu cheguei a sentir
o seu cheiro de quando a gente se beijou pela primeira vez assistindo e ouvindo
o DVD de Bethânia em um outro sofá. Depois veio a recordação de como nos
encontramos sem querer, “onlinemente”, depois “celularmente”, depois “academicamente”
e hoje nos falamos através dos nossos olhares e um simples toque de mãos, de um
respirar mais exaltado. Clichê, talvez, mas que faz bem. Passo horas tentando
lembrar a música que Roberta Sá cantava para colocar no som vez-em-quando, mas
nunca lembro e tenho vergonha de perguntar. Mas lembro da sua voz falando ao
meu ouvido de que estava pensando em mim e isso basta. Tanta loucura, tantas
dúvidas e ao mesmo tempo certezas de que fazemos bem um ao outro. Planos
inimagináveis, quem diria, 2 anos, 10 meses e 5 dias. Uma construção que tinha
tudo para não dar certo. Ainda, lembro do sorriso da minha mãe, do supermercado
que virou nosso principal programa, de como não era nada e de repente nos
tornamos tudo. Obrigado por me fazer feliz. Obrigado. Hoje, mais do que ontem e
menos do que amanhã, adoro clichês, quero dizer que você me faz feliz e que eu te amo.
Parabéns, te amo.
Márcio Bezerra
Carpe diem