Devo ter pisado em rastro de corno ou cruzei com um gato preto – pensei com todos os acontecimentos ruins que me aconteceram durante a virada de ano. Comecei o ano amargando um prejuízo de ter o carro arrombado, mas é o preço que se paga em ter um carro. Então, pensando com mais otimismo, não levaram nada, apenas quebraram o vidro e só perdi o dia, a primeira segunda-feira do ano, essa que eu iria viajar no meu carro para não ter que andar 10 km todos os dias para ir à academia.
Mudanças, meu companheiro de apartamento procura desesperadamente um novo lugar para morar, ele precisa de mais espaço para suas intimidades e acho que ele tem razão, só que não vejo nada nesta cidade melhor lugar do qual já moramos, mas ele se muda para um lugar menor e eu, agora, tenho que arcar com tudo sozinho. As contas e todas as responsabilidades de arcar com uma casa me deixam em pânico e não consigo dormir por vários dias.
Organizo então um cronograma, primeiro passo, comprar uma geladeira, porque ficar sem geladeira neste calor de 40°C é impossível. Ele se muda no sábado e eu ajudo a pegar no pesado apesar de ter dormido apenas duas horas. Acordo meio sonolento, ajudo a colocar toda a sua mudança sobre o caminhão em que o motorista, um senhor de muita idade, fala asneira sem parar, mas é melhor ouvir do que ser surdo.
Organizo então um cronograma, primeiro passo, comprar uma geladeira, porque ficar sem geladeira neste calor de 40°C é impossível. Ele se muda no sábado e eu ajudo a pegar no pesado apesar de ter dormido apenas duas horas. Acordo meio sonolento, ajudo a colocar toda a sua mudança sobre o caminhão em que o motorista, um senhor de muita idade, fala asneira sem parar, mas é melhor ouvir do que ser surdo.
Minha geladeira que iria chegar no sábado, não chega, fico dois dias sem água gelada, sem comida em casa e o que é pior, fico COMPLETAMENTE sem água, mas os colegas de trabalho estão aqui para me ceder garrafas de água. Com esta semana, descobri que um garrafão de 20 L acaba em uma semana! Então, estou bebendo mais de 2 L de água por dia em casa, fora as que eu bebo na academia, no instituto onde trabalho. Ponto saudável para mim!
O fogão foi outro dilema, o que adianta ter fogão se não tenho um botijão, consigo comprar um vazio e depois ligo para que ele seja substituído por um cheio, prejuízos a parte, hora de conectar, bem... Como assim? O fogão não vem com registro? Lá vou comprar um registro e as belas caminhadas de 10 km continuam.
Do dia 4 ao dia 11, meu telefone celular da Oi, não funcionou, tudo pago, tudo certo e eu não agüento mais falar com a &¨%$#* da atendente virtual. Cancelo a conta, perco meus 31 anos, o combo de falar das 23h às 7h da manhã de graça e também, as 30 msg que eu tenho direito por mês. Em compensação me livro da conta de R$200 e do estresse de um telefone que não funciona... Ô rastro de corno este viu?
Agora vem a cereja do bolo, não conseguirei minha transferência para outra cidade mais próxima de onde eu saí, vou continuar a 420 km de distância e o sonho de acabar meu doutorado este ano desaparece cada dia que passa, cada dia ele fica mais distante e meu medo aumenta.
Mas nem tudo foi ruim este ano. Comecei uma especialização que no começo estava meio receoso, mas foi a melhor coisa para as minhas tardes da semana. Debates, leituras e até desenhos. Fui eleito coordenador do curso de alimentos e os alunos demonstram sinais carinho e afeto por mim. Isso é muito gratificante, ser reconhecido principalmente por àqueles que eu quero inserir no mercado com qualidade, como profissional e como cidadão.
Ah, esqueci de falar de como anda o coração. Com tantos acontecimentos, ele fechou para balanço no mês de janeiro, está curtindo os momentos. E quem quiser agora que me acompanhe. Estou me curtindo e isso está fazendo efeito.
Carpe diem
Márcio Bezerra
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