Era uma vez um homem com espírito de criança, porém homem, este homem decidiu amar e ser feliz. Conheceu uma pessoa que para ele era a certa, alguém com quem casaria e teria filhos. Que sempre sonhou em seguir em frente uma vida a dois ou a três e quem sabe mais. Já tinha o nome para o casal de filhos, estranhos nomes para muitos, mas para ele, eram os nomes mais lindos do mundo. Também tinha nome para o cachorro da raça labrador e já imaginava como seria a casa; não teria muito luxo e nem ostentação, mas seria muito, mais muito confortável. Um lugar que ficasse perto do trabalho, que fosse de fácil locomoção, não se incomodaria se tivesse apenas um carro e não ficasse com ele, pois a prioridade seria para aquele que tivesse que pegar e deixar os filhos na escola ou ter que fazer a feira. Seria assim até então ter dois carros em casa.
O tempo foi passando e o sonho foi se desfazendo, não por ele ainda não sonhar e não querer sonhar, mas a pessoa que estava ao lado dele começou a deixar o sentimento morrer, talvez o trabalho, talvez a vontade de voar, ela começou a olhar de mais para si mesma e esquecer o que era sentir o sentimento de ser dois, de sonhar juntos. Sempre imediatista, começou a só pensar em viajar e gastar, comprar e ela, nela, para ela...
Com o tempo o homem foi ficando com um sorriso triste, ele não conseguia mais chorar, ficava com os olhos marejados, vermelhos em que às vezes era até notado, mas a outra pessoa não conseguia ver, perceber, compreender o que estava acontecendo.
Sempre envolvida em seu trabalho e sempre cultuando o seu corpo, o tempo era cada vez mais escasso, talvez as horas de academia fossem mais importantes, 3 a 4h por dia, para depois dizer que não tinha tempo para mais nada...
Onde está os “a dois”? Ah, o “a três”... O importante era o agora, mas não um agora sensato, apenas um agora, que podemos dizer efêmero e que não levaria a lugar nenhum.
O que aconteceu ao final desta história é que o homem do sorriso triste começou a duvidar-se de tudo isso, a se perguntar se o seu amor suportaria tudo isso, se realmente amava ser assim. Se amava ser considerado um empregado que só sabia trabalhar sob pressão. Logo ele, coitado (pena dele), ele que decidiu trabalhar apenas a fazer o que gosta, que é movido a elogios, que é tão perfeccionista, ele que quanto mais elogio recebe, melhor ele faz... Este homem já estava com pena de si mesmo, já estava se sentindo um lixo e quando falava com a pessoa amada, parecia que uma pá de terra caía sobre sua cabeça ou que uma faca atravessava-lhe o peito, dormia triste e acordava várias vezes à noite, não estava mais feliz e as marcas começaram a ficar cada vez mais forte em seu rosto e em um ato de desespero pensou: não, não devo amar mais, talvez seja comodismo, deve ser medo de ficar sozinho, deve ser posse, deve ser tudo ou qualquer coisa, mais amor? Acho que não é amor... amor não faz a gente sentir isso, amor não faz a gente ficar nem em dúvida, amor não dói de tristeza, pode até doer, mas dói de saudade, de desejo, de vontade...
Então, envolvido em seus pensamentos ele adormeceu e com um sorriso mais alegre suspirou: amanhã é um novo/outro dia, deve fazer sol, vou trabalhar e estas dúvidas não existirão mais, que Deus me proteja...
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